Estamos a menos de 100 dias para as eleições e os candidatos ainda insistem em cometer os mesmos erros na sua comunicação com o eleitor nas redes sociais. É importante lembrar que o cidadão tem mais o que fazer do que acessar conteúdos chatos, fotos de "barreira de futebol" (políticos engravatados enfileirados), vídeos intermináveis sem entretenimento e outras publicações que não fazem a menor diferença na vida das pessoas.
O eleitor está levando o filho na creche, pagando contas, está na fila do posto de saúde, reclamando do preço no mercado e no posto de gasolina. Quando ele abre o Facebook ou o Instagram ele quer se divertir, se envolver com uma boa história, um posicionamento, e, claro, saber o que você está fazendo para melhorar a vida dele.
Imagine a rede social como um clube: piscina, música alta, pessoas rindo, conversando, se divertindo... e aí chega alguém querendo vender um produto que você não precisa e não quer naquele momento. Chato né?
É mais ou menos isso que acontece quando você entope a sua rede social com fotos de reuniões políticas dizendo que estava discutindo pautas importantes para a sua cidade.
Ninguém se interessa por isso. Não serve pra nada.
A conquista do voto é como um casamento: você conhece a pessoa, se apresenta, fala da sua história, do que acredita, seus valores, aí mágica acontece. Rola uma conexão, namoram e casam: é o voto.
Saber contar sua história é 70% da campanha porque o voto é emocional. Se o candidato comunga dos mesmos valores e tem uma história parecida com a do eleitor a chance de votar em você aumenta.
Mas não dá pra fazer o que faz a maioria dos políticos: querer ser super-herói nas redes.
O eleitor vota em quem é parecido com ele, e, é claro, as pessoas erram, têm defeitos, sofrem perrengues, caem, levantam, superam desafios e avançam. Isso é a vida real.
Todo político deve contar sua história como uma serie da Netflix: tem emoção, tem suspense, tem polêmica, tem amor, tem revolta, indignação, tem derrota, mas também tem superação e vitória.
E não esquece: como em todo o filme emocionante é preciso ter um inimigo... um político sem um inimigo em comum (seja ele de carne e osso ou não) não enche sala de cinema e nem a urna.
Marcelo Tolentino é jornalista, palestrante e consultor de marketing político
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